ARLS Trajano Reis Nº 100 - GOP

PONTO DE VISTA.

Sinal de Alerta – Maçonaria na Rota de Extinção

Por Narciso Monte (*)

A epígrafe da missiva pode parecer utópica e exagerada. No entanto ela está sedimentada em fatos e previsões verossímeis, conforme demonstraremos a seguir.

Patrocinada pela elite intelectual de seu tempo, apoiada pela burguesia e pela aristocracia, a Maçonaria teve picos de esplender e entusiasmo, em todo o mundo, até o início do século XX, a partir da Europa, com extensão às Américas, incluído o Brasil e os Estados Federados, chegando ao Piauí; construiu uma magnífica rede de seres humanos, de atores sociais, econômicos e políticos, envolvidos na vitalidade da humanidade.

Passado o apogeu da fama e das exaltações, surgem os sinais de debilidade vital e inanição, causados pela inércia das ideias.

 O maçom, médico e escritor francês Alan Breant, da Loja “Blaise Diagne” (Dakar – Grande Oriente da França), em recente artigo intitulado “Maçonaria, Um Grande Corpo Doente: Como Dar-Lhe Força e Vigor?”, compara a Maçonaria com um velho mamute adormecido e alquebrado, sem ânimo para sobreviver. (O Malhete, fevereiro/2022)

Segundo observam os especialistas esse declínio ocorre em três vertentes: Tamanho, Interesse e Objetividade.

Tamanho – Recentes pesquisas, nacionais e internacionais, revelam um acentuado encolhimento no Quadro de Obreiros, liderado pelos Estados Unidos (EUA), país com o maior contingente de maçons no mundo, reduzido de 4,5 milhões para algo em torno 1,2 milhões, nas últimas décadas. Outro exemplo é o da própria Inglaterra, berço da maçonaria simbólica moderna, com uma queda da casa de 500 mil para a faixa dos 200 mil. 

Interesse – Envelhecimento dos Quadros, com baixo índice de reposição, aliado ao crescente fenômeno da erosão, motivada por falta de atrativos que proporcionem a retenção dos iniciados que, em média, permanecem apenas até 5 anos da Instituição. Esses fatos refletem o desinteresse do público jovem pela Instituição. Para esse contingente da sociedade moderna, a Maçonaria é vista como um instituto “velho” e arcaico, fora do contexto contemporâneo, e até desconhecida.

Objetividade – Objetividade é a qualidade daquilo que é objetivo, real, claro e verdadeiro, externo à consciência, resultado de observação imparcial, independente das preferências individuais. No campo da filosofia, Kant apresenta a objetividade como algo que tem validade universal, independentemente de religião, cultura, época ou lugar. Esse conceito, inspirador da auspiciosa maçonaria pós operativa, vem se perdendo, vertiginosamente, nas curvas do tempo.

Seja no chamado movimento regular ou no movimento “todo mundo faz o que quer”, credibilidade e respeitabilidade não existem mais! No máximo, somos considerados bons frequentadores de clubes folclóricos esotéricos com seus pequenos jardins secretos onde gostamos de fazer filmes esperando nos tornarmos sumos sacerdotes!

A citação é uma alusão filosófica às atuais sessões maçônicas, desprovidas de objetividade real.

Hoje em dia, em regra, os maçons vão às sessões mais por um sinples hobby e se contentam, simplesmente, em ouvir e aplaudir moções de felicitações aos aniversariantes do dia e se congratular com eventuais conquistas sociais dos irmãos e de seus familiares. Não deixam de ser atitudes nobres nas relações humanas, mas, todavia, carecem de algo mais, capaz de justificar a essência do trabalho maçônico.

Um outro ponto refletido nas pesquisas, de forma negativa, é o isolamento da Instituição nas comunidades em que está inserida, principalmente neste momento que a comunicação e a informação acontecem em tempo real na velocidade da luz.

Não dá mais pra Maçonaria se comportar como uma ilha social, dissociada do meio ambiente.

É importante ser reconhecida, naturalmente, pela sociedade como referência na manutenção da unidade institucional e familiar, bem como pela contribuição para a transformação positiva da realidade, social, política, moral e cultural da comunidade.   

O articulista francês Alan Breant, acima citado, nos traz lições e aconselhamentos bastantes claros e objetivos, capazes de contribuir para dar força e vigor ao gigante adormecido.

Vejamos alguns posicionamentos de Breant:

De fato, hoje, as pessoas sérias concordam que essa grande ideia se tornou uma sombra de si mesma; uma pálida tentativa de dar vida às lojas em uma confusão de estruturas tão complicadas quanto se poderia desejar, competindo entre si, sem carisma ou autoridade moral!

Obediências já não fazem as pessoas rirem! Ridículos e medíocres, eles são bastante lamentáveis!

Resta a experiência das lojas e o sonho de dizer que um dia, a razão, o bom senso e ir além, vão devolver sentido e vitalidade a essa brilhante ideia!

No terreno fértil das lojas, há, apesar do derrotismo prevalecente, irmãos que querem dar força e vigor a esta brilhante ideia!

É possível devolver força e vigor a este Grande Corpo Doente!

A “esperança” não virá da Cúpula, que igualmente encontra-se enferma do vírus da inanição.

“Não virá do mar e nem das antenas de TV”. (Cf. Alagados, Paralamas do Sucesso)

Não vamos esperar um decreto de revitalização da Ordem vindo das autoridades maçônicas, pois ele não virá.

A hora é de agir em defesa de nossa história gloriosa. Cada um de nós poderá tomar atitudes revitalizadoras, promovendo uma ampla revolução cultural, de forma pacífica e ordeira, sem gerar tumultos ou quebrar a disciplina nas Lojas, usando a arma letal da palavra.

Basta usarmos, de forma adequada e racional, os espaços institucionais da Ordem dos Trabalhos.

Primeiro, incentivar o Venerável Mestre a pautar para a Ordem do Dia matérias de efetivo relevo para a Maçonaria, em lugar de assuntos meramente domésticos que poderiam ser resolvidos tranquilamente em reuniões administrativas da Diretoria.

Em segundo lugar utilizar, de forma construtiva, o “Quadro da Palavra a Bem da Ordem”, para expor o pensamento revitalizador, sempre calcado na Ética, na Moral e na Verdade objetiva.

Um outro ponto seria a promoção de seminários no âmbito da própria Loja, sobre a doutrina maçônica e temas sócios-culturais, coordenados por membros do Quadro detentores de perfil para o mister.  

Podemos, ainda, formar Grupos de Trabalho (GT) extra loja para discutir e traçar formas de abordagens inteligentes para atacar o assunto.

A Maçonaria é antes de tudo uma comunidade de irmãos que querem refletir e trabalhar por esses belos valores platônicos que são o Belo, o Bom e o Justo!

Associar o dinamismo das lojas e o de todos os maçons parece-me ser um dos processos que podem permitir um renascimento da Maçonaria.! (Alan Breant).

O escritor e ativista maçônico Leon Zeldis, Membro Fundador e Mestre Instalado da Loja Montefiore 78, da Grande Loja do Estado de Israel, escreveu um artigo intitulado “O FUTURO DA MAÇONARIA: DESAFIOS E RESPOSTAS”, ao perceber que a Instituição começava a dar sinais de declínio.

Segundo o autor, o problema reside, principalmente, no conteúdo das sessões, que, em regra, se tornam monótonas e entediantes, por carência de pautas mais objetivas e atraentes na área do conhecimento e da informação, tanto no campo da doutrina maçônica quanto da cidadania.

Esse fenômeno acontece lá no outro lado do mundo e aqui no Brasil.

O PGM da Respeitável Grande Loja Maçônica do Distrito Federal e ex-Secretário Geral da CMSB, Professor Cassiano Teixeira de Morais, elaborou um rico e detalhado documentário, em vídeo, sobre a crescente Evasão Maçônica no mundo e no Brasil, descrevendo suas causas e efeitos.

Nas projeções apresentadas, feitas por métodos científicos, enfatiza, por exemplo, que, se forem mantidos os atuais índices de evasão (saídas de maçons) na Inglaterra, onde declínio gira em torno de 20% ao ano, em 2.051 lá não mais existirá maçonaria. O mesmo fenômeno, caso não haja uma mudança de comportamento, acontecerá nos Estados Unidos da América, nos próximos 50 anos.

No Brasil, a previsão de derrogação, segundo o Professor Cassiano, será mais precoce ainda.

O Livro-Aula Evasão Maçônica, Problemas e Soluções, do Dr. Teixeira está disponível da Uni-CMSB.

Sinais dos Tempos! Aleluia!

As cúpulas superiores das 3 Obediências Maçônicas Regulares do Brasil (foto), Grande Oriente do Brasil, CMSB e COMAB, promoverem no último de 3, em Brasília, uma reunião que teve como tema central apreciar e discutir o projeto de criação de uma Conferência da Maçonaria Regular Brasileira, com o objetivo de fomentar o crescimento e o fortalecimento da Ordem, no país.

A proposta foi aprovada e a primeira edição da Conferência está prevista para o próximo mês de julho. O conclave já tem até uma sugestiva logomarca.

A propósito, sugerimos a audição do Curso Maçonaria Executiva, em vídeo aulas, de autoria do Professor Aldino Brasil, Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia, também disponível no site Uni-CMSB, pelo preço de R$ 33,00.

CONCLUSÃO.

De longe pretendemos ser o arauto do apocalipse maçônico. Acreditamos que, caso os Irmãos se mostrem críveis e sensíveis aos fatos narrados, essas previsões tenebrosas sobre o futuro da maçonaria poderão ser contornadas e proporcionada a ascensão de uma nova onda de sucessos da inefável Instituição.

(*) Narciso Monte é Mestre Instalado da Loja “Costa Araújo nº 3” (GL),

da cidade de Campo Maior (PI)

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